CARNAVAL COM OS IDOSOS DO LAR FRANCISCO DE ASSIS

17/04/2012 15:37

 

Cláudia Mendes da Silva 1

Elisângela Gonçalves Tavares 2

Daniela Eda Silva 3

 

Os países economicamente desenvolvidos têm em sua maioria populacional um grande número de idosos. Diante disso, novas políticas de saúde pública estão voltadas para esta população, visando criar programas que proporcionem qualidade de vida efetiva para os idosos. Dentro destas perspectivas, o projeto de avaliação e qualidade de vida com integração de grupos educativos, visualiza o idoso como um ser que o distingue dos demais não apenas pelo encargo de experiências e histórias, mas por ser instrumento responsável pela geração que se desenvolve.

Muitos confetes, brilho e marchinhas carnavalescas compuseram o 2º encontro ao Lar Francisco de Assis, resultado de uma atividade artística proposta aos idosos, onde a tarefa foi confeccionar máscaras e colares para integrar na fantasia que usariam na festa realizada pela instituição.

Começamos com as visitas aos leitos, e desta forma conseguimos ter um maior contato com os idosos, onde o tema de nossas conversas foi o carnaval e o que representava para cada um deles. Compartilhamos muitas histórias legais, com direito a marchinhas e muitas gargalhadas, ouvimos histórias de cinquenta anos atrás serem relembradas com alegria translúcida. Os olhos de seu Vavá brilharam ao recordar sua participação no carnaval, onde ele, como também o seu João não perdiam um minuto da folia.

Visitamos também os leitos das senhoras, onde pudemos debater a emoção da festa carnavalesca, em que sempre alguém compartilhava suas recordações com esta data. Apesar da descontração do tema, foi partilhado um momento de desabafo de uma das senhoras, que, entre lágrimas confessou sentir-se sozinha, disse não receber visita de seus familiares e o quanto sentia saudades. Esta é uma realidade intensa nos dias de hoje, uma constatação enfrentada por muitos idosos, que, mesmo em contato com pessoas amigas, não cessam a presença dos familiares, os quais representam a continuidade de sua geração. Oferecer carinho, atenção e segurança as pessoas que nos amam é a melhor forma de retribuir um sentimento tão nobre e que nem a velhice é capaz de apagar. 

Quando o assunto era carnaval, não foram todos que curtiram na juventude, conversamos com várias senhoras que mostraram-se alheias a esta festa. É importante a ressalva, pois pudemos observar o quanto carregam consigo o tradicionalismo e a conduta da sociedade de décadas atrás, onde os pais proibiam as filhas mulheres a dançarem carnaval e apesar da memória fraca e algumas distorções, elas ainda cultivavam essa submissão e obediência em memória de seus falecidos pais.

Depois de muita conversa, gargalhadas e também lágrimas, nos reunimos em um grande grupo no pátio do asilo, demos início a nossa segunda atividade. Máscaras de emborrachado e colares de TNT foram moldados previamente por nós, para a decoração com lantejoulas, brilhos e outros adereços que todos utilizaram. Ouvindo as marchinhas, o grupo em ritmo de carnaval usou da criatividade no enfeite de suas máscaras. Tivemos a participação de uma convidada de nossa instituição de ensino em que nos ajudou a criar com os idosos belíssimos modelos. Os cadeirantes, que formavam a maioria no grupo, foram levados com cuidado ao pátio, quanto aos acamados, receberam nossa atenção em seus leitos, tendo também participação na atividade. A tarde foi bastante proveitosa, onde todos ficaram bem à vontade e reforçaram os laços de amizades.

Chegado o dia do tão esperado baile de carnaval, ao entrar no asilo os convidados eram recebidos com bastante aconchego, foi a forma como nos sentimos ao nos reunir a família do Lar Francisco de Assis para uma tarde de músicas, confetes, comidas e alegria de todos, principalmente dos nossos idosos, que esbanjavam felicidade. Todos estavam caracterizados, inclusive usando também as fantasias que confeccionamos.

A instituição abrilhantava a festa com uma decoração impecável, resultado do carinho e compromisso do asilo com o conforto e bem estar de seus idosos e convidados. No local ninguém ficava parado, a seresta tocava puxando a todos para a dança, os idosos, inclusive cadeirantes, envolviam-se com as marchinhas na ponta da língua. Era notável a satisfação de todos, em sentirem-se importantes e aconchegados com o carinho e atenção das pessoas que os prestigiavam. Foi possível evidenciar qualidade de vida refletida no brilho de cada sorriso, em que as máscaras não escondiam rugas da velhice, mas diagnosticava as alegrias contidas em seu ser.

Foi no ritmo de muita folia que concluímos mais um encontro com os idosos, onde cada vez mais sentimo-nos cativados por sua simplicidade, que nos enriquece com aprendizado do quanto importante e belo o gesto do cuidar e fazer brotar sorrisos em rostos de rugas e lembranças, que expressam o contentamento de viver mais um dia.

  

  

 

1 Bolsista do Pibic/CNPq/Sociedade de Ensino Universitário do Nordeste – SEUNE

2 Bolsista Voluntária do Pibic/Sociedade de Ensino Universitário do Nordeste – SEUNE

3 Orientadora – Sociedade de Ensino Universitário do Nordeste – SEUNE.

Voltar